sexta-feira, 2 de julho de 2010

Cumplicidade...

Encontrei-me em ti, numa noite que foi pequena,
O silêncio foi tormento, o teu olhar foi a minha cor,
Meu corpo tremeu, as minhas mãos perderam-se,
Fomos ao firmamento em nossa viagem serena,
Voltámos crianças, perdi o medo, rimos do amor,
Fizemos caminhos, enquanto crescemos lado a lado,
Criámos atalhos por onde podemos vir a espreitar,
Demos as mãos, demos um filho que nós queremos,
À vida dissemos que não receasse o que nos tem dado,
Dissemos ao destino que é lá que nos vamos encontrar.
Existiu um acaso luminoso que finda em arco íris,
Seu começo é onde tu e eu nascemos cumplicidade,
Sabendo quase nada, querendo saber quando chegar,
As horas e o tempo são agora como eu sempre quis,
E tu és a mulher de quem eu sempre tive a saudade.

Velho Soldado...

Esta é uma história que ouço sobre ninguém,
Está aqui descrita por um nobre ancião,
Velho e parco nas palavras de desdém,
Sujo e andrajoso no caminho da escuridão.
Já não lembra que esteve nos dias de glória,
Nem ouve suas crianças e mulher a chorar,
Sem lápides ou cemitério, sem sua memória,
Lágrima não cai, só tempestade que viu chegar.
Eu também vou suplicar por uma nova era,
Vou ajoelhar-me perante estes jovens deuses,
Erguendo meu olhar aos céus desta quimera,
Enjaulado no futuro, não vivendo por vezes.
As nossas almas são sombras brancas serenas,
As correntes quebro-as, grilhetas de sorte comum,
Os loucos no arco-íris, à espera de nada, apenas
Liberto-me do meu corpo, morro em lado algum.
Os dias seguintes virão em chamas aclamar,
Receio que não vá mais ouvir os velhos magos,
Dos padres perversos a minha alma quero levar,
Cínicos no hábito, ou hipócritas desabituados.
São o mesmo, os teus reis e os meus vagabundos,
A crença está apenas em vil pergaminho escrita,
Fugitivos sem aventura, terminam os mundos,
Assassinos, são o caos determinado em desdita.
Anjos negros, montados em corcéis de negrume,
O que conheço perece, o que esqueço é agonia,
Rastejo mortalmente por entre rasgos deste lume,
Vence o caos, ganha a lenda que leva a melancolia.
Sinto os risos sarcásticos da minha juventude derrotada,
Já não consigo enraivecer, desfaleço no ódio dormente,
Adormeço o destino, por último piso a terra queimada,
Abraças-me enquanto morro nos teus braços indiferente.

Caminhos do Amor....

Estivemos longe, num amor ausente,
Andámos sós, por entre a multidão,
Hoje temos a vida à nossa frente,
Não temos mais a nossa solidão.
Sentes a chuva de prata na tua face?
Sentes a brisa que nos chega do mar?
São as testemunhas do nosso enlace,
São os Anjos que nos vêem procurar.
São pelas estrelas do céu enviados,
Para nos deixarem o amor a sorrir,
Sentem os nossos beijos desejados,
E o nosso filho que está para vir.
Trazem-nos a luz que já nos faltou,
Nos caminhos em que nos perdemos,
Lugares onde eu nunca mais vou...
Procurar quem nunca conhecemos.
Temos um sorriso em cada momento,
Olhares sem limites, ou qualquer fim,
Nós os dois somos um só sentimento,
O que te dou a ti, o que me dás a mim.
Agora já podem os Anjos um dia partir,
Já as nossas almas estão entrelaçadas,
Que a solidão não vamos mais sentir,
Nem as nossas vidas desperdiçadas.

Passos sem chão...

Uma taça de café
Um cigarro na mão
Um punhado de fé
Nos passos sem chão.
Longe me perco
Voando sem graça
Na voz do incerto
Na vida que passa.
E pairo no ar,
Sustendo a revolta
Enxugo o olhar
Da lágrima solta.
Queria ceifar
Os cabos sem fim
Por dentro rasgar
Poemas de ti.
Mordendo dilemas
Indagando o mundo
Quis cobrir de penas
O manto profundo
Do mar das arábias
Que em palavras sábias
Se fez oportuno.
Lancei-me ao vazio
Do vazio de mim
Um leito sem rio
Tão seco e tão frio
Esperando o motim.
Esbarrei na dureza
Do doce final
Tão forte e coeso
Tão morto e tão preso
Esta dor carnal.
Nos passos da mão
Um punhado de café
Uma taça sem chão
E uma pregador sem fé.
Morri é verdade
E assim me salvei
Do tempo da idade
Do cedo e do tarde
Que nunca abracei.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O Cantico dos Canticos..

Quão belos são os teus pés
nas sandálias que trazes, ó filha de príncipe!
As colunas das tuas pernas são como anéis
trabalhados por mãos de artista.
o teu umbigo é uma taça arredondada,
que nunca está desprovida de vinho.
O teu ventre é como um monte de trigo
cercado de lírios.
Os teus dois seios são como dois filhinhos
gêmeos duma gazela.
O teu pescoço é como uma torre de marfim.
Os teus olhos são como as piscinas de Hesebon,
que estão situadas junto da porta de Bat-Rabim.
O teu nariz é como a torre do Líbano,
que olha para Damasco.
A tua cabeça levanta-se como o monte Carmelo;
os cabelos da tua cabeça são como a púrpura
um rei ficou preso às suas madeixas.
Quão formosa e encantadora és,
meu amor, minhas delícias!
A tua figura é semelhante a uma palmeira.
Eu disse. Subirei à palmeira,
e colherei os seus frutos.
Os teus seios serão, para mim, como cachos de uvas,
e o perfume da tua boca como o das maçãs.
(da Bíblia, Velho Testamento)

O amor e o vinho...

O vinho predispõe a nossa alma para o amor, se é bebido em doses moderadas e se mantemos alerta os sentidos, sem se embotarem com libações abundantes. O mesmo vento que mantém a chama é capaz de apagá-la; uma ligeira brisa faz subir a chama; uma brisa forte apaga-a. Portanto, das duas, uma: ou nada de embebedar-se ou uma bebedeira de tal ordem que faça esquecer as tuas preocupações amorosas; um estado intermediário é prejudicial.

Faces da Vida...

Vida é combate
vida é morte
vida é felicidade
vida é prazer
vida é amor
Vida é infidelidade
vida é aprendizagem
vida não são vidas
cada um a sua
é difícil sozinho
mil e uma maneiras
de encarar a vida
mas
seguramente
quando sentimos
alguém ao nosso lado
amigo, amor, desconhecido
a vida torna-se
menos sofrida
ou pelo menos gostaríamos
que fosse sempre assim...